Review: Wear Your Tutu: BILLY ELLIOT - O MUSICAL Opens In Sao Paulo

By: Apr. 08, 2019
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Review: Wear Your Tutu: BILLY ELLIOT - O MUSICAL Opens In Sao Paulo

Billy Elliot o Musical is a musical based on the 2000 film Billy Elliot. The music is by Elton John, and the book and lyrics are by Lee Hall, who wrote the film's screenplay. The plot revolves around Billy, a motherless British boy who trades boxing gloves for ballet shoes. The story of his personal struggle and fulfillment are balanced against a counter-story of family and community strife caused by the 1984-85 UK miners' strike in County Durham, in North Eastern England. Hall's screenplay was inspired in part by A. J. Cronin's 1935 novel about a miners' strike, The Stars Look Down, to which the musical's opening song pays homage.

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Billy Elliot: poster movie (2000)

Um dos mais bem-sucedidos e celebrados musicais do começo do século XXI, Billy Elliot foi adaptado pelo roteirista Lee Hall, o diretor Stephen Daldry e o coreógrafo Peter Darling, a mesma equipe do aclamado filme inglês homônimo de baixo orçamento, que acabou se tornando cult. Apesar de um score superestimado composto por Elton John, a encenação deste musical é tão vívida e o enredo sobre a improvável ascensão de um garoto da pobreza a uma carreira no balé é tão inspiradora que tem triunfado em produções ao redor do mundo nos últimos quinze anos. Um crítico chegou ao ponto de dizer que era "o maior musical britânico" que já havia assistido.

Inspirada em parte no livro de 1935 Sob a Luz das Estrelas (The Stars Look Down), de A. J. Cronin, a história de Billy Elliot tem como ponto central duas crises que vem lado a lado em uma comunidade da classe-operária em Durham County, no nordeste da Inglaterra. Uma envolve uma greve debilitante de mineiros de carvão para salvar a indústria de mineração local dos cortes realizados pelo governo de Margareth Thatcher, na Grã-Bretanha, durante os anos de 1984-85, e seu impacto nestes operários e a subsequente ameaça ao bem-estar de muitas famílias cujos membros lutavam para sobreviver sem poder trabalhar, exacerbados pela falta de renda.

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Jamie Bell as Billy Elliot (2000)

A outra centra-se em Billy Elliot, um garoto de 11 anos, filho e irmão de dois dos mineiros grevistas, que se esquiva das aulas de boxe em favor de aprender balé.

É um ambiente difícil, às vezes brutal, aonde se espera que os homens se conformem às ideias tradicionais machistas, onde balé masculino não tem lugar. Apesar destas desvantagens obvias, nosso jovem herói descobre possuir grande habilidade e apreciação desta forma de arte.

Os primeiros passos do jovem são dados em uma sala de aula de dança local, mas quando começa a se tornar claro que suas habilidades e ambições em desenvolvimento poderiam levá-lo mais longe, seu pai que inicialmente fica envergonhado pelas aspirações menos-que-masculinas de seu filho, eventualmente reconhece o talento de Billy e sacrifica seu próprio status entre seus colegas de trabalho, ajudando o menino a realizar seu sonho de frequentar a prestigiosa Royal Ballet School, em Londres.

Alguns dos momentos mais pungentes da produção justapõe representações arrojadas de agitação e protestos com balé infantil, mais notadamente quando uma linha de coro de bailarinas juvenis dança na frente da polícia de choque. Apesar das dificuldades encaradas por Billy e sua família, a produção dá plena expressão à sua crescente ambição, incluindo uma cena de dança aérea espetacular.

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Victoria Palace showing Billy Elliot Musical in London, England, UK
photo by Cla'Er

A produção original estreou no teatro Victoria Palace, no West End londrino, em 2005. Tive a oportunidade de assistir esta e também a montagem da Broadway, em 2009. Eventualmente os £ 5,5 milhões gastos na produção do show ultrapassou o custo do filme (de 2000) que incluía um cenário espetacular de Ian MacNeill, que trazia elementos de cima até bem abaixo do palco.

As grandes estrelas do musical e de suas decorrentes encenações pelo mundo são os três garotos que se alternam na parte de Billy. As exigências do papel, e muitas vezes leis locais de licenciamento, proíbe que um único ator infantil se apresente em todas as sessões. A fim de fornecer aos jovens intérpretes as habilidades necessárias para atuar, cantar e dançar, bem como o domínio do sotaque regional complicado, uma série de procedimentos de ensaio foram estabelecidos onde Billy Elliot é produzido. Não conseguimos a informação se este cuidado ocorreu na montagem nacional.

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My autographed Playbill by the 2009 Billies: Tommy Batchelor,
Alex Ko, Dayton Tavares and Liam Redhead
photo by Cla'Er

Billy Elliot frequentemente triunfa onde é montado. A produção original de Londres conquistou quatro Prêmios Lawrence Olivier: Melhor Novo Musical, Melhor Ator (concedido em conjunto para James Lomas, George Maguire e Liam Mower), Melhor Desenho de Som e Melhor Coreografia. A produção de 2008 da Broadway recebeu um recorde de 15 indicações ao Prêmio Tony - empatando com Os Produtores, sendo posteriormente suplantada por Hamilton com 16 -, vencendo dez, incluindo Melhor Musical e Melhor Coreografia. O papel de Billy garantiu aos três atores (David Álvarez, Kiril Kulish e Trent Kowalick) compartilhar o prêmio, uma vitória conjunta rara para Melhor Ator num musical.

Como todas as produções de musicais de sucesso, Billy Elliot continua a fazer manchetes. Quando a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher faleceu em 2013 o público foi convidado a votar se a música Merry Christmas Maggie Thatcher que antecipa ironicamente o evento no musical, no segundo ato, ainda deveria ser executada. E foi.

A primeira produção em língua húngara do musical - uma encenação não réplica - estreou em julho de 2016 na Ópera Estatal Húngara, em Budapeste. Nesta produção, o papel de Michael - o único personagem identificavelmente homossexual no original - foi significativamente reduzido sendo sua homossexualidade não explicitada. Apesar disso, em junho de 2018, antes da terceira temporada de verão da produção, o jornal húngaro conservador Magyar Idõk publicou um artigo chamando o musical de "propaganda gay", e acusou-o de corromper crianças e torná-las gays! As vendas de ingressos caíram em resposta ao artigo, e 15 apresentações tiveram que ser canceladas (29 outras apresentações foram realizadas como planejado).

Durante o fim de semana quando a versão teatral do musical foi filmada e teve uma transmissão ao vivo em salas de cinema, ela liderou as bilheterias do Reino Unido e da Irlanda, deixando o mais recente blockbuster hollywoodiano em segundo lugar.

A Montagem Brasileira

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The Brazilian Billy Elliots: Tiago Fernandes, Pedro Sousa e Richard Marques
Photo by Valéria Gonçalvez/Estadão

Billy Elliot estreou no Teatro Alfa, São Paulo, em março de 2019. Com direção eficaz de John Stefaniuk, nos é entregue nessa produção não réplica (ou franchising - onde não há a obrigatoriedade de se repetir exatamente o que é feito na Broadway ou West End), um sentimento que parece sempre real e espontâneo, e não engenhosamente manipulado para influenciar as nossas emoções. Se há raiva também há alegria, se temos ressentimento amargo, também temos compaixão. E se no filme tínhamos um glam-rock jurássico, a versão para os palcos ostenta a música pop britânica do veterano Sir Elton John. Seu score varia do folk ao hard rock, dos show tunes empolgantes a hinos elevados sobre a solidariedade humana e seus desafios, não havendo entretanto nenhuma daquelas músicas que fará você sair cantarolando do teatro. O libreto de Lee Hall é vívido e suas letras, no original, são afiadas e evocativas. Quanto a engenharia de som, na sessão em que compareci, algumas vezes não entendíamos o que era cantado ou falado, o que certamente deverá ser corrigido durante a temporada.

A cenografia de Michael Carnahan não tem a intenção de ser 'clean' propositadamente capturando vividamente o período e a pobreza da vida dos personagens. Ele optou por um cenário único, mas bastante funcional com muitos elementos de cena, aproveitando de forma correta o enorme palco do Teatro Alfa, apoiado por um adequado design de luz de Mike Robertson. Também há, na brilhante coreografia de Peter Darling um tipo de equilíbrio de desajeito e graciosidade, de terrestre e aéreo. E, como tudo o mais no musical as rotinas de dança conseguem ser ao mesmo tempo engraçadas e pungentes. O número em que Billy e seu amigo gay Michael (no dia em que assisti interpretado pelo admirável Tavinho Canalle, um dos destaques desta montagem) interpretam uma sequência vestidos em drag é hilário e delicadamente tocante.

Assim como no papel de Michael, também são três atores diferentes protagonizando o papel de Billy. No dia em que fui, era a vez de Richard Marques (os outros dois são Pedro Sousa e Tiago Fernandes). Se por um lado ele não trouxe a dor crua que Jamie Bell trouxe para o papel no filme, sua dança é sensacional, e no segundo ato ele se torna profundamente comovente.

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Beto Sargentelli as Tony / Divulgação

O elenco coadjuvante está bem, desde Carmo Dalla Vecchia como o pai sofrido e severo de Billy até Vanessa Costa como a professora de balé que se torna uma mãe adotiva do garoto. Sublinhamos a atuação de Beto Sargentelli, num papel bem diferente de tudo que já fez, como Tony, o irmão primogênito amargurado e agitador do protagonista, muito focado na atuação, nos entregando cenas poderosas num desempenho forte e convincente. Mas todo o elenco, com casting de Marcela Altberg, é acertado conferindo frescor e sinceridade, nos deixando numa névoa de lágrimas e alegria.

Finalmente salientamos a feliz direção musical a cargo de Daniel Rocha, que também está à frente da regência, oferecendo um som com grande energia, exuberância e brilho.

Este conto de Cinderela de um menino que persegue o seu sonho de ser um bailarino apesar da atmosfera sufocante de sua cidade mineira e da implacabilidade de seu pai, tem uma imaginação teatral transcendente e afeto suficiente para derreter o mais glacial dos corações; é cheia de sentimentos, mas não é sentimental. O musical é uma celebração do poder da dança e usa sua coreografia de forma bastante imaginativa como uma extensão do personagem.
Ao lado de Oliver!, de Lionel Bart ou O Fantasma da Ópera, de Andrew Lloyd Webber, Billy Elliot me parece um dos grandes musicais britânico que já vi. Há uma crueza, um humor caloroso e uma humanidade genuína aqui que não vemos na maioria dos musicais.

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photo by Cla'Er

Serviço:

BILLY ELLIOT O MUSICAL

Para maiores informações quanto a preços e horários consulte o site do Teatro Alfa:

http://www.teatroalfa.com.br/espetaculo/billy-elliot-o-musical/


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